Sinais do tempo (ou, Consequências de ficar tanto tempo fora)

sábado, 27 de março de 2010

A gente vai embora e esquece que o tempo passa pra quem ficou aqui também, acha que vai chegar e encontrar tudo no mesmo lugar. Não é bem assim...
Ontem o telefone tocou aqui em casa. Meu pequeno primo fofo e lindo.

-Oi Gi.
-Oi, meu amor, tudo bom?
-Tudo. Você me empresta sua barraca de camping? Vou acampar com meus amigos.
-Hã...empresto. (ele disse amigos? não seria pais? Resolvo confirmar discretamente...).
-Mas você vai o quê mesmo?
-Acampar com meus amigos. Empresta?
-Empresto... (estado de semi-choque!)

Dia seguinte, eu me recuperando do susto, toca o interfone.

-Senhora, seu Fulano.
-Quem?
-Seu Fulano.
-Não conheço. Ele trouxe água, é da farmácia?
-Não, é o seu Fulano que quer falar com a senhora.
-...
-Pode subir?
-Tem certeza que é pra cá?
-Tenho sim, senhora.
Ai Meu Deus, danou-se. Esclerose a essa idade, não conheço ninguém com esse nome. Olho em volta, porteiro esperando, vejo um pacote de encomenda no chão.
-Pode subir.
Seu Fulano era meu primo, fofo, tão pequenininho, até ontem conhecido como o Fulaninho, que veio buscar (sozinho!) uma encomenda pra minha mãe. Tudo bem, ele já tem namorada, é mais que adolescente e eu até já estava me acostumando a chamá-lo de Fulano. Mas "seu Fulano" foi demais pra mim!

Fico pensando quanto tempo falta pra eu ficar igual às minhas tias, apertando bochecas adolescentes e trocando o nome das crianças (?) da família. Alguma coisa me diz que nem falta muito...