Quem quer ser metereologista?

terça-feira, 24 de março de 2009

Aqui em Madrid é mole! Simplesmente não consigo me acostumar com essa amplitude térmica, esse clima de deserto. A previsão pra hoje, por exemplo, é de tempo claro a encoberto (?), com temperaturas variando entre 1oC e 22oC. Difícil é saber se eu preparo um piquenique no parque e coloco um biquini ou se ligo a calefação e faço um foundue.

Valencia: o Mediterrâneo, as Fallas e a Paella

domingo, 22 de março de 2009

Semana passada fomos conhecer a maior festa da região de Valencia, as Fallas, uma manifestação popular quase tão importante quanto o carnaval no Rio. A comemoração acontece na época do feriado de San José (19/03), que esse ano caiu numa quinta-feira, o que significou 4 dias pra conhecer o lugar.

Cada vez que eu viajo pela Espanha descubro o quão ignorante ainda sou sobre o país. Por exemplo, eu não sabia que em Valencia eles tinham um idioma próprio (além do castellano), o Valencià. Superficialmente falando, parece uma mistura de castelhano e francês, lembrando muito o catalão, só que bem mais compreensível. Viajando e aprendendo!















O Valencià Uma atualização: segundo minha amiga catalã, o Valencià e o catalão são praticamente a mesma língua, com pouquíssimas diferenças. Os valencianos odeiam que se diga isso. De qualquer maneira, rebati dizendo que o valenciano eu entendia, enquanto o catalão era grego pra mim. Mas ela argumentou que quando fui à Catalunya eu falava menos espanhol e isso pode fazer muita diferença na hora de entender. Faz sentido...

Valencia é uma cidade pequena, simples e bonita. Assim como quase todas as outras cidades espanholas que visitamos tem um centro histórico de ruazinhas apertadas e construções de muitos séculos atrás, uma parte nova onde eles contruíram a ultra-modernosa Cidade das Artes e das Ciências e (aqui vem o diferencial) a praia. Ou seja, você pode acordar de manhã e ir à praia, visitar o oceanário na cidade da ciência, pegar um cineminha numa das muitas salas do complexo UGC e terminar o dia tomando uma cerveja ou um sorvete nas ruas do centro histórico. Dia perfeito! Por essas e outras Valencia entrou na lista de possíveis lugares para morar.




























Meus programas favoritos: praia e oceanário!

Outras atrações, especialmente interessantes pra quem gosta de comer, são o porto e o mercado. São dois dos poucos lugares onde você consegue comer uma verdadeira Paella Valenciana e não as de microondas que a maioria dos restaurantes vende (e caro) por lá. Aliás, sobre a famosa Paella um esclarecimento: a versão mais conhecida no Brasil, a de frutos-do-mar, é uma variação da original, que no começo só levava coelho e frango. Muito depois eles acrescentaram o porco (alguns o pato também) e atualmente é essa combinação que caracteriza a Paella de Valencia. A de frutos-do-mar, minha preferida, é chamada de paella mista e dela se originou um outro prato, chamado Fideuá, que leva macarroezinhos pequenos ao invés de arroz. Esse também é bem comum por aqui, só que tem um nome diferente em cada região (nem sei como se chama aqui em Madri).

No porto não deu tempo da gente ir, mas o mercado municipal é maravilhoso. Tem uma variedade imensa de frutas, queijos, conservas e claro, presuntos. Pra quem gosta de comida é um programa pra manhã inteira.

Outras comidas típicas da região: a orxata (horchata, en castellano, uma bebida típica feita com um tubérculo chamado chufa, que eu nunca vi. Fica da cor do leite. Eu não gosto, mas o pessoal aqui em casa adora) e o farton, um paozinho mais seco que eles molham na horchata ou no chocolate (nunca vi tantas "xocolaterías" por metro quadrado). Os churros estão por toda parte e lá eles também têm versões recheadas e com cobertura. Mas o mais típico do lugar é o bunyol, um bolinho frito de abóbora, doce, abundante na época das Fallas.





























Acima, o Mercado. Abaixo, comendo farton na Cidade das Artes e das Ciências

Falando nelas, voltamos ao motivo principal da nossa viagem. No começo eu não conseguia enteder muito sobre o que era essa festa, toda explicação que eu recebia terminava em "sabe os carros das escolas de samba no Brasil? Então, é igual, só que parados". Ahhh, que bom, agora eu sei o que tem na festa, só continuo sem saber o porquê...

Mas de fato a festa é muito complexa, mistura temas religiosos, conotações políticas e tradições pagãs, entre outras coisas. Basicamente ela é composta de muitas queimas de fogos durante todo o mês e várias pequenas celebrações, como desfiles, oferendas, etc. As fallas propriamente ditas são as esculturas, feitas de carvão e isopor e baseadas em temas cotidianos ou atuais, que são montadas em vários pontos da cidade e no final da festa são queimadas. O ponto alto acontece entre os dias 15 e 19/3, com as mascletás (queima de fogo), a la Nit de Foc (ou Noite do Fogo, grande queima de fogos do dia 18) e a Cremá (queima) final. Descobri várias explicações diferentes pra festa, as duas que eu mais gosto são essas: ela teria começado com uma tradição de carpinteiros que construíam esculturas com o que sobrava dos seus trabalhos e no dia 19/3, dia de São José, queimavam essas peças em praça pública como homenagem ao santo ou que na verdade a queima das esculturas é um resquício das comemorações do equinócio da primavera (que é dia 20/3, a queima é realizada exatamente à 0h desse dia) quando se armavam grandes fogueiras pra queimar o "mal" e celebrar a prosperidade e a fertilidade. Seja qual for a razão, a festa é linda.
















A falla principal na Plaza del Ayuntamiento, antes e depois.


Lost in translation!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mais para a série de coisas imbecis que acontecem comigo (e cada vez com mais frequência):

Estou na ilha, editando. Toca o telefone:

- É da clínica Golden?
- Não...
- Desculpa.

Sigo editando. Toca o telefone:

- Clara?
- Não...
- Ah, Clara?
- Não, aqui não é a Clara. Você ligou errado.
- Não liguei não, eu estava falando com a Clara nesse número agorinha mesmo. Só que caiu a ligação.
(eu mereço!)
- Senhor, houve alguma confusão. Esse não é o telefone da Clara, tente outra vez.

Volto ao trabalho. Meia hora depois...

- Vero?
- Não. Você ligou...
- Carol?
- Não, você ligou...
- Dani?
- Não...
- Sos gente?

Peraí, que tipo de pergunta é essa? Só porque eu não sou a pessoa que o cidadão procura eu não seria gente? Só porque eu sou becária? Fiquei puta e respondi...

- Claro que eu sou gente!
- Tá bom, então você pode me passar a Dani?

Coisas que passaram na minha cabeça nessa hora:
1. 14 mil palavrões desconexos
2. ele é maluco, vou desligar na cara.
3. isso é um trote, vou mandar ele ir pro quinto dos infernos.
4. 92 respostas engraçadinhas
5. eu estou em outro país, posso ter entendido errado, melhor passar pra alguém.

Fiquei com a última, passei pra redatora, que desligou rindo. Nessa altura eu já havia me acalmado e bastou olhar pra cara dela pra entender o que tinha acontecido...

Sos na Argentina é a conjugação para o vos (que seria como o nosso você). Logo, se eu estivesse na Argentina a pergunta de fato teria sido "você é gente?" Mas eu estou na Espanha. E sois (que soa igualzinho a sos) aqui é vosostros, plural, seria como o vocês. Nesse caso a pergunta em questão eram "vocês são gente?", ou seja, ele queria saber se a cabine era da equipe do programa Gente.

Nada como pensar cinco vezes antes de responder...

Tamales

sábado, 14 de março de 2009

Bom, parece que finalmente descobriram o meu talento. O pessoal lá da TV reparou no meu incrível prazer em registrar aventuras culinárias e resolveu investir nesse meu lado. Desde a feijoada venho acumulando novos pratos do mundo, o que é uma delícia (e olha que eu nunca comentei com eles que tenho um blog com o nome Panza, ¡callate!).

Essa semana foi a vez do Tamal Valluno, um prato tipicamente colombiano, que eu conheci antes numa versão do norte da Argentina (na feira de Mataderos). Embora a base seja a mesma - farinha de milho curada e muito recheio do que se imaginar envolvido em folhas de bananeira - o colombiano é um pouco mais interessante, porque tem mais variedade de recheios e é beeeeem maior.

Mas de fato uma das melhores coisas de gravar os pratos é que a gente acaba conhecendo muita gente. As pessoas abrem as casas, o coração, contam suas histórias, é uma troca incrível. Numa dessas eu conheci a dona Maria, uma colombiana simpática que me contou os maiores dilemas de ser latino-americana na Espanha. Fora as coisas já habituais, como preconceito, pouca valorização no mercado de trabalho e etc, também tem a questão da cultura. Dona Maria me conta que um dia, depois de muitos anos vivendo por aqui, recebeu sua família da Colômbia. Estava calor, era muita gente e ela não pensou duas vezes: olhou pro varandão e fez uma pequena churrasqueira improvisada pra preparar os tamales e umas carnes. Comida vai, comida vem, de repente toca o interfone. Eram os bombeiros. Algum vizinho desacostumado com a churrasqueira viu a fumaça e nem se deu ao trabalho de chegar na varanda pra ver o que era, foi logo chamando os bombeiros. E lá se foi a festa... Como assim? Triste a pessoa trabalhar a semana toda e não poder fazer nem um churrasquinho na própria varanda no fim de semana. E olha que todos os apartamentos em Madri têm varanda, que desperdício!

Bom, em outra ocasião ela disse que foi a mesma coisa. Segundo a tradição do povo de onde ela é, todo dia 31/12 é preciso purificar a casa (com aquele defumador tipo de igreja). Pois é, estava ela purificando a própria casinha quando toca o telefone. Eram os bombeiros, que desta vez mais espertinhos ligaram pra checar o que era antes de se abalar até lá. Ô povo mala...

Bom, as histórias são muitas e essa nova experiência só vem comprovar minha antiga teoria: a comida é o fator universal que nos une e a melhor forma de conhecer a cultura de um país é, sem dúvida, pela boca!!!



Os tamales em estado bruto e depois de abertos, prontinhos pra comer!

Visitas!!

quinta-feira, 12 de março de 2009

As visitas mal foram ebora e eu já estou sentindo falta delas. Como ainda por cima hoje é aniversário da Rô e eu não vou estar lá, aproveito pra postar umas fotinhos e matar a saudade.

1. Eu e Maria, no aeroporto
2. A gente turistando
3. Eu e Rô, versão européia
4. Robson aproveitando os "bocatas" locais
5. Todos juntos na sobremesa









Um dia negro na história de Madri

quarta-feira, 11 de março de 2009

Hoje completa 5 anos desde o 11m, sigla que os espanhóis usam pra designar o dia dos ataques terroristas em estações de trem de Madri. Foram quase 200 mortos e 2 mil feridos. Não tem uma vez sequer que eu passe pela Estação de Atocha sem pensar em como deve ter sido, sem sentir um certo medo.

É um medo completamente diferente do que eu sentia no Rio, aquela paranóia de caminhar olhando pros lados, segurando a bolsa e andar de carro de vidro fechado. Não dá nem pra ter aquela (falsa) sensação de controle, de que pode evitar os lugares perigosos, ou ficar ligado no que acontece ao seu redor. É uma completa sensação de ignorância, de impotência. De medo.

Mas chega, paro por aqui. Amanhã será um dia como qualquer outro e as pessoas vão voltar a falar de como o tempo melhorou. E nós vamos voltar a escrever sobre trabalho, viagens e comidas. Quem sabe, se tudo der certo, o 11m não seja daqui a alguns anos extamente isso, apenas um dia negro (num passado distante) na história de Madri.

E que venha a primavera!

terça-feira, 10 de março de 2009

O tempo começa a melhorar por aqui e finalmente parece que o calorzinho veio pra ficar. Pra comemorar esse primeiro anúncio de chegada da primavera, fizemos um piquenique no parque. Nossa, já nem me lembrava mais de como era pegar sol...

Ah, e o piquenique foi profissional. Destaque para a torta de milho com atum da Anne, a tortilla do Nilo, a torta de cebola da Clarissa e o salpicão de roquefort do Alê. Isso sem contar as amanditas do final, lembrança da Isabella.

Bom, depois dessa comilança, taí o resultado:




O Alê e o Vaticano

quinta-feira, 5 de março de 2009

Uma vez em Roma, resolvemos ver o papa. Fila gigante na entrada da Basílica, mas batendo fotos nem percebemos o tempo passar. Felizinhos, chegou nossa vez, comentando que rapidinha foi a fila, vamos passar pelo raio-x e...nada. Bem na nossa vez a porcaria da máquina resolveu não funcionar. Vem a segurança, revisa tudo e descobre o problema: as alças da mochila do Alê se enrolaram em algum lugar e travaram a máquina. Aí a mochila não passava e nem as coisas que estavam atrás. Bom, tudo resolvido, roupas checadas, ok pra visitar a Basílica.

Embora lá dentro não seja proibido bater fotos nem falar, como na maioria dos santuários, eles pedem um mínimo de bom senso dos turistas. Mas é claro que você chega ali e dá de cara com todas aquelas imensidões em mármore e ouro e fica pasmo, comenta, grita, chama o fulano pra ver, é uma festa. Mas ninguém reclama, é super tranquilo. Depois de horas visitando, o Alê resolveu parar pra descansar encostadinho numa parede. E levou um esporro. Como? Por que? Ficamos ali sem entender nada, porque o esporro veio em italiano, mas não havia nenhuma razão para aquilo, ele estava ali no cantinho, na dele e..

Bom, aí ele virou de costas enquanto reclamava. E eu entendi...




Tá explicado, né? A Basílica tem um monte de regras para as roupas que as pessoas podem usar lá dentro, mas o detalhe da mochila tinha passado despercebido até pra gente. E como ela era pequena não podia deixar no roupeiro. Mas eles abriram uma exceção pra essa regra assim que notaram o conteúdo da publicidade na mochila...

Comidinha pra Gi

quarta-feira, 4 de março de 2009

No início nosso blog tinha sido criado para contar as nossas aventuras gastronômicas fora do país. Na Argentina até rolava, mas ganhando pouco e gastando em euro a brincadeira se tornou cada vez mais rara. 

Como eu estou desempregado fico sempre procurando alguma coisa para fazer, porque não fazer nada deixa qualquer um maluco. E cozinhar é minha terapia preferida. A Gi sempre fala que eu estou ficando bom nessa "brincadeira de cozinhar". Então, no dia do nosso aniversário de namoro eu resolvi, além de cozinhar, fazer uma coisinha mais bonita. O resultado tá aí embaixo:



Morri e fui pro céu!

Ou, cheguei em Roma!

Roma é o lugar mais interessante que eu já conheci. Lá qualquer caminhadinha de 5 minutos pode virar um passeio histórico. Eu fico meio receosa e nervosa toda vez que vou conhecer uma cidade muito famosa, porque normalmente a expectativa é tão grande que dificilmente pode ser cumprida. Mas aqui não é o caso, porque de fato a cidade é incrível. Os monumentos, o clima, a história, as ruazinhas... isso pra não falar da comida! O impacto foi tão forte que Roma conseguiu inclusive tirar de Paris o posto de "a mais romântica". Porque você está caminhando por ruas assim...
























E de repente dá de cara com isso...



















E isso...



















E termina o dia comendo a sua pasta, diante de um copo de vinho, meio com cara de quem está sonhando acordada. Pra depois fazer um post completamente apaixonado e ainda ficar suspirando quando vê as fotos...