TV

domingo, 16 de dezembro de 2007

Ok, eu vim pra Argentina pra trabalhar com televisão. Mas a TV aberta argentina é demais para mim. Uma enxurrada de "Bailando por un sueño" e suas versões (patinando, cantando, nadando?), vários "Gran Hermanos" seguidos, telejornais onde os apresentadores comem no ar (e comentam: agora vamos dar as notícias muito mais felizes porque chegaram as medialunas!) e muitos, muitos programas de fofoca.

Mas se tem uma coisa que eles fazem bem aqui é publicidade. Vale a pena assitir TV só pra ver as propagandas. Me tornei uma expert em zapping, sempre buscando o comercial do lado. Fora o Panza, callate! lembro de vários muito bons de quando cheguei, como o do Óleo de baba de caracol (uma mistura capaz de acabar com varizes, estrias e celulites. Tinha um caracolzinho inocente caminhando na tela sem saber o que era vendido em seu nome), a propaganda do genérico do Vodol (que mostrava umas fotos horrorosas de pessoas com frieira bem na hora do jantar), o famoso Mr. Músculo e por aí vai... Mas esses são os que fazem rir só porque são toscos.

O que eu realmente admiro neles é a capacidade de ousar, de usar a criatividade. A minha lista de favoritos é grande, mas o ganhador é o comercial do EcoSport. Inacreditável a versão em português portenho pra essa música do Luís Caldas (que se chama Fricote, mas duvido que alguém reconheça assim...). Mas eu deixo vocês mesmos conferirem.



Esse comercial gerou uma polêmica lá no trabalho. Assim como milhares de outras músicas que eles acham que a gente "roubou", eles juram que a música original é a "Violeta", em espanhol, uma cumbia de um cantor chamado Alcides. Bom, se alguém souber a resposta avise, porque da última vez que eu ouvi a aposta já estava em 50 pesos...

Comida compartilhada!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Todas as pessoas que me conhecem sabem que eu sou um glutão assumido. Adoro comer muito mas, principalmente, adoro comer de tudo. No Rio, minha ruína era ir em um restaurante tipo “quilo”; felizmente a cultura do “quilo” ainda não foi assimilada em Buenos Aires. Eles tendem a prezar pela comida feita na hora, mas com poucos acompanhamentos. Eu adoro a comida feita na hora, só pra você, mas sinto falta de variedade. Para resolver esse problema de vez em quando me junto com outros glutões para colocar variedade na mesa.

Nesse dia, por indicação do Claudemir, resolvemos comer no Antojito Colombiano, que fica na av. Córdoba. A primeira impressão ao entrar é que fomos parar num pé sujo. Por mim ótimo, adoro pé sujos! O panorama era mais ou menos assim: televisão passando uma mistura de banda carrapicho com cumbia (a famosa dancinha do Tevez), decoração bizarra e atendimento por conta do dono. Quer mais pé sujo que isso? Pedimos o cardápio e colocamos nosso plano em ação: pedir várias comidas. Assim poderíamos beliscar de tudo, sem sair mais pobres, nem rolando.

Para iniciar os trabalhos pedimos o “pasabocas”, um tipo de prato que vem com um pouco de tudo. Provamos as “arepas” (pequenos discos de milho, assados ou fritos), “buñuelos” (bolinhos de milho recheados com queijo), carimañolas (pastéis de mandioca fritos com recheio de queijo ou carne), patacones (rodelas de banana verde frita), huevos en perico (um ovo mexido com tomate e cebola) e, como não poderia faltar, lá estavam as onipresentes empanadas! Mas, diferente das argentinas, essas eram feitas de massa de milho frita e recheadas de carne e batata.



Pasabocas

Não demorou muito o “pasabocas” acabou. Pausa para cerveja e bate papo. Retomada a fome, partimos para o prato principal. Resolvemos pedir dois pratos para os cinco: a “bandeja paisa” e a “sobrebarriga” (pelo nome eu percebi que o plano de não sair rolando estava indo por água abaixo!).

Dois pratos ótimos: a “sobrebarriga” é um bifão muito macio cozido com cebola e tomate por muito tempo. Já a “bandeja paisa” lembra os pratos do Brasil, um pouquinho de cada coisa: carne moída, arroz, linguiça, ovo, abacate!?, arepa e o feijão. Humm, gostinho de Brasil.


















Calma, tem para todos!

No fim, comemos de tudo, conversamos a noite toda, nos embebedamos, nos divertimos e saímos rolando. Boas lembranças com novos amigos.

Em casa, finalmente!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Essa semana faz 4 meses que nós chegamos aqui em Buenos Aires. Finalmente temos casa, computador e tempo para poder escrever. Até então tudo que a gente podia fazer era responder aos telefonemas, mandar e-mails corridos de lans e do trabalho e ouvir todo mundo reclamando que a gente nunca dava notícias. Pois é, deu trabalho chegar até aqui. Mas agora a gente conta. Tudo!

Aliás, vou começar contando do nome do blog. A idéia veio de uma propaganda que estava na TV assim que a gente chegou. A gente não entendia nada dos comerciais daqui, mas esse era hilário. O cara se empanturrava de comida e quando o estômago reclamava ele gritava: panza, ¡calláte! Acho que foi um sinal que esse tenha sido o primeiro comercial que a gente entendeu aqui, avisando que nossa estadia (indefinida) em Buenos Aires seria regada a muita, mas muita comida.

É uma pena que tenha demorado tanto pra tudo ficar pronto, porque muita coisa já se perdeu. Os primeiros dias com esse idioma estranho que não parece nada com o espanhol que a gente aprende no Brasil, as impressões sobre a cultura daqui, as dificuldades, as três mudanças e por aí vai, foram muitas coisas em muito pouco tempo. Como não dá pra recuperar tudo isso, vou deixar de lado a ordem cronológica dos fatos e vou tentar narrar as coisas conforme eu for lembrando, vivendo e comendo, claro!

Um país de paixões.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Acho que o mais divertido de morar num país diferente é a mudança de toda uma cultura, e, para minha felicidade, inclusive a culinária. Minha mudança começa bem antes da gente pegar o avião. Primeiro veio a fase não pode contar nada; a gente não podia comentar com ninguém sobre nossa possível mudança. Depois do anúncio oficial vieram as cobranças de parentes, amigos e até de quem a gente não conhecia.

Passados uns eternos seis meses nos mudamos. Enfrentamos muitos problemas e continuamos enfrentando. Um país diferente, língua diferente, sabores diferentes e, principalmente, culturas diferentes. Como não dá para falar de tudo num primeiro post decidir falar do que, provavelmente, foi com o que mais me identifiquei na Argentina: a paixão.

Até nas coisas mais simples você vê o lado apaixonado desse povo. Aqui existe uma fruta que se chama pomelo, algumas pessoas no Brasil a conhecem. É horrível, um tipo de laranja gigante e super azeda. Um dia, por sinceridade alcoólica, resolvi falar que o pomelo era uma porcaria. E para uma argentina. Ganhei uma cara amarrada pro resto da noite.

E se querem conservar um amigo argentino nunca digam que Gardel era uruguaio. Alias, a música faz parte dessa paixão coletiva e o jeito de tocar, cantar e dançar o tango expressa toda essa paixão. Quando nos mudamos para Belgrano (foram três mudanças em três meses) fomos a um show de tango. Eu já conhecia algumas músicas, mas ao vivo elas ficam bem diferentes do Ipod. Os músicos tocam com tanta vontade que toda a paixão portenha é transmitida para a música.

Num país de tantas atitudes apaixonadas nada melhor que seguir a sua paixão, e não é à toa que eu estou aqui, desempregado, sem falar a língua, distante da minha família e de todos meus amigos. O principal motivo que me fez vir para cá foi a paixão por essa menininha. E vendo por esse prisma é fácil se acostumar e gostar dos argentinos. Então sigo me apaixonando, pela cultura, pela música, pelo futebol, pela culinária e, principalmente, pela Gi.