Novos (velhos) sabores

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

No começo do mês saiu a lista da revista Restaurant com os 50 melhores restaurantes da América Latina. Não me espanta que o primeiro lugar seja do Peru, afinal, a culinária peruana me surpreendeu tanto que até me fez lembrar desse blog esquecido...

Da lista, muitos a gente conhecia apenas de nome, porque no Brasil restaurante chique não é algo muito acessível pra classe média, né? Da Argentina a gente conhecia um ou dois, da época em que morávamos por lá. Então, por que não aproveitar essa curta estadia pra conhecer um novo?

Abrimos a lista - que conta com 15 restaurantes argentinos - e escolhemos o que mais nos apetecia no dia: o Oviedo. O nome, claro, nos fez lembrar imediatamente da Espanha e talvez isso tenha sido o que mais chamou a atenção. Engraçado, porque o Oviedo não tem muito cara de restaurante espanhol na decoração ou no estilo. Mas o cardápio vem recheado com o que eu mais amava no país: os frutos-do-mar.

O restaurante oferece um menu pronto, com entrada, prato e sobremesa (e vinhos escolhidos para cada um deles), mas confesso que ele não me chamou muita atenção. O destaque, pra mim, eram os chipirones, mini-lulas muito raras por aqui, que eu não comia desde que voltamos da Espanha.
Obs: na Espanha eles são tão loucos por lulas que têm nomes específicos para cada uma delas, às vezes até para parte delas. As lulas, como nós conhecemos são calamares; mas eles também têm os chipirones (mini-lulas), as rabas (os anéis de lula, que fazem um famoso sanduíche), e ainda as "primas" sépias (muita gente chama sépia a tinta da lula, mas ela também é um bicho diferente). Pode ser que eu ainda esteja esquecendo algum...por lá, o assunto é sério!

Mas voltando ao Oviedo, fato é que nos fartamos com os chipirones do cardápio, que vieram fritos, grelhados, cozidos, num risoto com tinta; teve de tudo (aqui vê-se logo que nós somos brasileiros mesmo, porque a gente tem logo essa coisa de comer muito de tudo, não é à toa que nós somos a terra dos rodízios, sequências e afins...). E verdade seja dita, em todos os pratos o ponto das lulas estava perfeito. E o tempero idem. Me incomoda a onipresente maionese nos molhos e a incrível mistura de coisas no prato (em uma só entrada de chipirones eles serviram fritos, grelhados, com rabas, tomates, brocólis, pimentão e não sei quantos molhos), mas fora isso, tudo gostoso.

Um dos melhores da América Latina? Não sei, tenho dúvidas, principalmente quando vejo os companheiros de perto...(ele está bem acima do Olympe, do Claude Troigros, por exemplo). Mas pelo custo-benefício ele sem dúvida vale a visita...



Entrada de chipirones
Mais uma entrada - "espetinho"de chipirones

E o prato principal: risoto de chipirones em tinta de lula


Buenos Aires, de novo

segunda-feira, 16 de setembro de 2013


No último ano a vida se acalmou e a gente voltou a conseguir viajar (a lazer). Conhecemos alguns lugares legais, alguns incríveis, alguns deliciosos, outros nem tanto. Mas foi a viagem que fizemos este ano ao Peru que me fez voltar a ter vontade de escrever aqui no blog.


Primeiro porque o lugar e a comida são incríveis. Provamos tantas coisas deliciosas e diferentes por lá que é difícil resistir à tentação de registrar tudo isso. E a gente recebeu tantos pedidos de dicas de viagem de Lima e Cuzco que escrever sobre eles é quase uma obrigação jornalística!



Bom, mas se foi o Peru que reacendeu a vontade de escrever, foi Buenos Aires que trouxe a inspiração. Foi só chegar na cidade e ligar o computador que o texto já foi praticamente se escrevendo, eu só digitei! Não sei se foi a felicidade de rever a cidade, ou a bela notícia de amigos que recebemos logo na chegada, fato é que eu ainda nem tomei um Freddo pra me familiarizar (até porque o frio e a chuva aqui não estão dando trégua) e o texto já está pronto.

Enquanto o Freddo não vem, tenho tempo de sobra entre os cafés, alfajores e medialunas pra atualizar nosso blog que nasceu aqui, há pouco mais de 6 anos. O problema é que o Peru vai ter que esperar um pouquinho, porque duvido que consiga falar de outro tema estando em Buenos Aires...

Pra matar a saudade..




Sem meias palavras

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nada como um fastfood que diz de cara a que veio, não?





Aprendendo com Rodrigo "Troigos"

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A visitinha surpresa da querida Débora foi o pretexto para que a Gi e o Rodrigo colocassem em prática a receita de Carbonade Flamande, do Claude Troigos. Para dar um toque pessoal, o chip de batata foi substituído por uma massinha alemã chamada Spatzle (também receita do Claude...) e a cenoura foi carinhosamente “esquecida”, em homenagem ao Alê. Isso é que é amigo!

Carbonade Flamande é uma receita belga que leva, claro, cerveja. A muito grosso modo, é uma carne cozida por MUITO tempo ali na bebida, com vários temperos. Reza a lenda que ao final é preciso acrescentar uma colher de mostarda, mas sério, depois de horas cozinhando a fome aperta e esse detalhe escapa. Se faz diferença não sei, mas pelo que (não) sobrou na panela no final do jantar eu acho sinceramente que não... Já a massa é "quase" básica, farinha, ovos, etc. Mas o pulo do gato é o creme de leite. Delícia!

O final perfeito ficou por conta do cássico brownie melhor-de-todos da mãe da Débora, que ficou muito bem acompanhado de um sorvetinho. O resultado foi uma noite fofa com amigos queridos e muito, muito bem alimentados!


















A receita da Carbonade está aqui e a do Spatzle aqui.

Belém

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Em Belém, eu e a dieta fizemos um acordo: eu não enfio o pé na jaca e ela não acaba com a minha brincadeira de descobrir os pratos da região. Assim, diminuindo muito as porções, deu pra experimentar diversas delicinhas locais:



















Os mil e um sabores do sorvete Cairu, imbatível! Uma pedacinho de paraíso por apenas R$ 3,50. Os sabores são os mais diversos: exóticos (cupuaçu, bacuri, carimbó, entre muitos outros) , combinados (morango com chocolate branco, Romeu e Julieta) e clássicos. Mas pode se jogar sem medo, todos os que eu provei eram sensacionais.



Torta de cupuaçu com queijo de cuia (só para quem curte muito o lance doce com salgado, porque o gosto é muito forte. Eu aprovei, mas com ressalvas)











Cerpinha – dispensa comentários.











O Filhote: é um peixe da região que, apesar do nome, é gigante (não que eu tenha visto vivo!). Provei frito, assado, na telha, grelhado, com e sem molho, e é sempre muito bom. O da foto, ao molho, é do restaurante Na Telha, na orla de Icoaraci.



E mais filhote, com arroz de jambu (aquela folhinha que deixa a boca dormente).









Deu pra reparar que só tem opções refrescantes no menu? É que nesse época acontece o Verão Amazônico (como a temperatura quase não varia ao longo do ano, verão para eles é a época da seca, mais ou menos de julho a outubro), e os dias estavam bem quentes. Por isso essa também é a época das férias grandes por lá, as de dezembro são menorzinhas.

Belém definitivamente me fisgou pelo estômago. E acho que não vi nem a metade... Dava pra passar outra semana por lá só provando coisas novas, como a maniçoba, por exemplo, que não entrou no meu cardápio.

Bom, pra não dizer para que não passei pela Amazônia, uma espécie local (não venenosa, claro!).















Também achei a cidade super interessante, embora esteja um pouco abandonadinha. A casa das 11 janelas foi uma grata surpresa à noite, tanto a parte do bar quanto a varandinha. E ainda sobrou a Praça da República com o Teatro da Paz, a pracinha da Catedral e do Forte, o Museu Emílio Goeldi e o Parque Botânico e a Estação das Docas, uma espécie de Puerto Madero paraense que vale muito a visita.

















A decepção ficou por conta do Mercado Ver-o-peso, minha maior expectativa. Acho que a mistura pouco tempo + vendedor cobrando R$ 20 pela castanha + dia muito quente + muita sujeira estragou um pouco o passeio. Mas desfazer essa má-impressão pode ser a desculpa perfeita pra próxima visita.

É sério?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A pessoa vai pro Recife a trabalho. Chegando lá, descobre que sua reserva de hotel é em Jaboatão dos Guararapes. Descobre que, além de longe, o hotel está caindo aos pedaços. Descobre que Recife tem o trânsito pior que o de São Paulo (sério, uma hora e meia pra atravessar 16 km?). Descobre que o trabalho é do outro lado da cidade. Descobre que a praia em frente ao hotel é perigosa até de tarde (por perigosa entenda-se ataque de tubarão + assaltos). E, ainda assim, mantém o bom humor.

Um belo dia, depois de 11h de trabalho, ela chega no hotel louca por um banho. Liga a água quente, lava os cabelos e... percebe que esqueceu o pente. Aí tenta abrir o box. Tenta de novo. E de novo. E fica horas tentando. Exausta, começa a gritar. Ninguém escuta. Grita mais, chama pelo colega de trabalho que está no quarto ao lado. Nada. Chora. E finalmente escuta uma alma boa, ao fundo, dizendo "espera um pouco que eu vou avisar na recepção".

Pausa para a longa espera.

Aí quando chega a chave ela percebe que o trinco da porta está fechado. Desespero. Surge uma mão com uma chave de fenda pra desmontar o trinco. Nessa altura, já são várias pessoas aglomeradas na porta. Não conseguem, vão chamar os bombeiros. E aí ela percebe que, se tudo correr bem, com sorte (oi, sorte?) em algumas horas aquelas pessoas vão conseguir entrar no quarto e abrir a porta do box. Só nesse momento ela se dá conta de que está nua. E aí acaba a preocupação com o box quebrar em caquinhos, e acaba também a história, com a louca histérica (e finalmente livre) de toalha no corredor do hotel berrando pelo gerente.

Esse post é dedicado à Dani, que, sem nenhuma conexão com a pessoa em questão, saiu de sua cama quente quando ouviu o choro e veio ajudar. Nesse meio tempo a porta do quarto em que estava bateu e ela ficou de baby doll no corredor. Sem esmorecer no intuito de ajudar o próximo, ela desceu até a recepção nesses trajes e, só depois de pedir ajuda, lembrou de que ela também precisava de ajuda (no caso uma chave, ou uma roupa). Alma boa que faz o mundo valer a pena.

Esse post não é dedicado ao colega do quarto ao lado, que, enquanto tudo acontecia, tomava banho calmamente com o rádio alto. E que ao ouvir as batidas desesperadas na porta se limitou a dizer "estou no banho". Obviamente, esse post também não é dedicado ao gerente do hotel, com quem nunca mais a pessoa quer encontrar. Com a certeza de que isso é recíproco.

Recife

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eu adoro o Nordeste! Como se não bastasse o clima ameno (pelo menos no inverno...) e o povo simpático, ainda por cima a comida é incrível. Entre as delícias que eu levei pra vida estão a tapioca e o bolo de rolo. E os sucos de frutos exóticas, como a graviola, o umbu, o cajá e a descoberta recente em Mossoró, a cajarana.
Mas Recife não fica atrás e, em apenas dois dias, já deu pra ver que o assunto comida aqui é sério. Logo no café fui apresentada ao Bolo Souza Leão, delícia típica da região, tão característica que recebeu o título de patrimônio imaterial de Pernambuco. Mas é uma delícia-bomba: leva dezenas de gemas, além de massa de mandioca e côco. Mas vale cada pedacinho...
A tarde ainda reservava surpresas: depois dos muitos camarões, conheci duas versões pernambucanas do clássico Romeu e Julieta. Uma, bem diferente, é uma mistura de queijo coalho na brasa com mel de engenho (e um sorvetinho pra arrematar!). A segunda é essa gostosura abaixo:
















Flan de queijo coalho com calda de goiaba

E eu ainda tenho 3 dias por aqui!