O microfone

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Todo mundo que trabalha com TV sabe do perigo que é um microfone aberto. Mas mesmo assim de vez em quando é impossível prever o que pode acontecer. Bom pelo menos dessa vez não foi nada comigo, eu só estava presente...

Semana passada estávamos gravando um dos programas no estúdio, com o apresentador super congestionado. Em dado momento liberamos o cara pra dar uma aliviada no nariz, porque a voz estava impraticável. Só que ele, ao invés de usar um lenço, aproveitou a "folguinha" e foi ao banheiro. E resolveu aliviar um pouquinho mais que o nariz...com o microfone aberto!

Imagina a situação: no meio da gravação (que seguiu sem ele) nós começamos a ouvir aquele barulhinho característico de um homem, digamos, tirando água do joellho. Passados os primeiros segundos de constrangimento, o diretor recobra a presença de espírito e manda fechar o microfone. Mas aí, né, já não tinha mais quem lembrasse do roteiro, da continuidade, de que dia era...

O apresentador, sem saber de nada, volta, rindo e brincando com a galera, como sempre. E todo mundo mudo. Ele estranha e pergunta o que houve; silêncio mortal. Até que alguém conta pra ele o que aconteceu. Ele ficou roxo por alguns segundos, mas recuperou o bom humor e só disse: podia ter sido pior. De fato. Ele podia ter aliviado mais do que a bexiga. Ou podia estar ao vivo...

Quem quer ser metereologista?

terça-feira, 24 de março de 2009

Aqui em Madrid é mole! Simplesmente não consigo me acostumar com essa amplitude térmica, esse clima de deserto. A previsão pra hoje, por exemplo, é de tempo claro a encoberto (?), com temperaturas variando entre 1oC e 22oC. Difícil é saber se eu preparo um piquenique no parque e coloco um biquini ou se ligo a calefação e faço um foundue.

Valencia: o Mediterrâneo, as Fallas e a Paella

domingo, 22 de março de 2009

Semana passada fomos conhecer a maior festa da região de Valencia, as Fallas, uma manifestação popular quase tão importante quanto o carnaval no Rio. A comemoração acontece na época do feriado de San José (19/03), que esse ano caiu numa quinta-feira, o que significou 4 dias pra conhecer o lugar.

Cada vez que eu viajo pela Espanha descubro o quão ignorante ainda sou sobre o país. Por exemplo, eu não sabia que em Valencia eles tinham um idioma próprio (além do castellano), o Valencià. Superficialmente falando, parece uma mistura de castelhano e francês, lembrando muito o catalão, só que bem mais compreensível. Viajando e aprendendo!















O Valencià Uma atualização: segundo minha amiga catalã, o Valencià e o catalão são praticamente a mesma língua, com pouquíssimas diferenças. Os valencianos odeiam que se diga isso. De qualquer maneira, rebati dizendo que o valenciano eu entendia, enquanto o catalão era grego pra mim. Mas ela argumentou que quando fui à Catalunya eu falava menos espanhol e isso pode fazer muita diferença na hora de entender. Faz sentido...

Valencia é uma cidade pequena, simples e bonita. Assim como quase todas as outras cidades espanholas que visitamos tem um centro histórico de ruazinhas apertadas e construções de muitos séculos atrás, uma parte nova onde eles contruíram a ultra-modernosa Cidade das Artes e das Ciências e (aqui vem o diferencial) a praia. Ou seja, você pode acordar de manhã e ir à praia, visitar o oceanário na cidade da ciência, pegar um cineminha numa das muitas salas do complexo UGC e terminar o dia tomando uma cerveja ou um sorvete nas ruas do centro histórico. Dia perfeito! Por essas e outras Valencia entrou na lista de possíveis lugares para morar.




























Meus programas favoritos: praia e oceanário!

Outras atrações, especialmente interessantes pra quem gosta de comer, são o porto e o mercado. São dois dos poucos lugares onde você consegue comer uma verdadeira Paella Valenciana e não as de microondas que a maioria dos restaurantes vende (e caro) por lá. Aliás, sobre a famosa Paella um esclarecimento: a versão mais conhecida no Brasil, a de frutos-do-mar, é uma variação da original, que no começo só levava coelho e frango. Muito depois eles acrescentaram o porco (alguns o pato também) e atualmente é essa combinação que caracteriza a Paella de Valencia. A de frutos-do-mar, minha preferida, é chamada de paella mista e dela se originou um outro prato, chamado Fideuá, que leva macarroezinhos pequenos ao invés de arroz. Esse também é bem comum por aqui, só que tem um nome diferente em cada região (nem sei como se chama aqui em Madri).

No porto não deu tempo da gente ir, mas o mercado municipal é maravilhoso. Tem uma variedade imensa de frutas, queijos, conservas e claro, presuntos. Pra quem gosta de comida é um programa pra manhã inteira.

Outras comidas típicas da região: a orxata (horchata, en castellano, uma bebida típica feita com um tubérculo chamado chufa, que eu nunca vi. Fica da cor do leite. Eu não gosto, mas o pessoal aqui em casa adora) e o farton, um paozinho mais seco que eles molham na horchata ou no chocolate (nunca vi tantas "xocolaterías" por metro quadrado). Os churros estão por toda parte e lá eles também têm versões recheadas e com cobertura. Mas o mais típico do lugar é o bunyol, um bolinho frito de abóbora, doce, abundante na época das Fallas.





























Acima, o Mercado. Abaixo, comendo farton na Cidade das Artes e das Ciências

Falando nelas, voltamos ao motivo principal da nossa viagem. No começo eu não conseguia enteder muito sobre o que era essa festa, toda explicação que eu recebia terminava em "sabe os carros das escolas de samba no Brasil? Então, é igual, só que parados". Ahhh, que bom, agora eu sei o que tem na festa, só continuo sem saber o porquê...

Mas de fato a festa é muito complexa, mistura temas religiosos, conotações políticas e tradições pagãs, entre outras coisas. Basicamente ela é composta de muitas queimas de fogos durante todo o mês e várias pequenas celebrações, como desfiles, oferendas, etc. As fallas propriamente ditas são as esculturas, feitas de carvão e isopor e baseadas em temas cotidianos ou atuais, que são montadas em vários pontos da cidade e no final da festa são queimadas. O ponto alto acontece entre os dias 15 e 19/3, com as mascletás (queima de fogo), a la Nit de Foc (ou Noite do Fogo, grande queima de fogos do dia 18) e a Cremá (queima) final. Descobri várias explicações diferentes pra festa, as duas que eu mais gosto são essas: ela teria começado com uma tradição de carpinteiros que construíam esculturas com o que sobrava dos seus trabalhos e no dia 19/3, dia de São José, queimavam essas peças em praça pública como homenagem ao santo ou que na verdade a queima das esculturas é um resquício das comemorações do equinócio da primavera (que é dia 20/3, a queima é realizada exatamente à 0h desse dia) quando se armavam grandes fogueiras pra queimar o "mal" e celebrar a prosperidade e a fertilidade. Seja qual for a razão, a festa é linda.
















A falla principal na Plaza del Ayuntamiento, antes e depois.


Lost in translation!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mais para a série de coisas imbecis que acontecem comigo (e cada vez com mais frequência):

Estou na ilha, editando. Toca o telefone:

- É da clínica Golden?
- Não...
- Desculpa.

Sigo editando. Toca o telefone:

- Clara?
- Não...
- Ah, Clara?
- Não, aqui não é a Clara. Você ligou errado.
- Não liguei não, eu estava falando com a Clara nesse número agorinha mesmo. Só que caiu a ligação.
(eu mereço!)
- Senhor, houve alguma confusão. Esse não é o telefone da Clara, tente outra vez.

Volto ao trabalho. Meia hora depois...

- Vero?
- Não. Você ligou...
- Carol?
- Não, você ligou...
- Dani?
- Não...
- Sos gente?

Peraí, que tipo de pergunta é essa? Só porque eu não sou a pessoa que o cidadão procura eu não seria gente? Só porque eu sou becária? Fiquei puta e respondi...

- Claro que eu sou gente!
- Tá bom, então você pode me passar a Dani?

Coisas que passaram na minha cabeça nessa hora:
1. 14 mil palavrões desconexos
2. ele é maluco, vou desligar na cara.
3. isso é um trote, vou mandar ele ir pro quinto dos infernos.
4. 92 respostas engraçadinhas
5. eu estou em outro país, posso ter entendido errado, melhor passar pra alguém.

Fiquei com a última, passei pra redatora, que desligou rindo. Nessa altura eu já havia me acalmado e bastou olhar pra cara dela pra entender o que tinha acontecido...

Sos na Argentina é a conjugação para o vos (que seria como o nosso você). Logo, se eu estivesse na Argentina a pergunta de fato teria sido "você é gente?" Mas eu estou na Espanha. E sois (que soa igualzinho a sos) aqui é vosostros, plural, seria como o vocês. Nesse caso a pergunta em questão eram "vocês são gente?", ou seja, ele queria saber se a cabine era da equipe do programa Gente.

Nada como pensar cinco vezes antes de responder...

Tamales

sábado, 14 de março de 2009

Bom, parece que finalmente descobriram o meu talento. O pessoal lá da TV reparou no meu incrível prazer em registrar aventuras culinárias e resolveu investir nesse meu lado. Desde a feijoada venho acumulando novos pratos do mundo, o que é uma delícia (e olha que eu nunca comentei com eles que tenho um blog com o nome Panza, ¡callate!).

Essa semana foi a vez do Tamal Valluno, um prato tipicamente colombiano, que eu conheci antes numa versão do norte da Argentina (na feira de Mataderos). Embora a base seja a mesma - farinha de milho curada e muito recheio do que se imaginar envolvido em folhas de bananeira - o colombiano é um pouco mais interessante, porque tem mais variedade de recheios e é beeeeem maior.

Mas de fato uma das melhores coisas de gravar os pratos é que a gente acaba conhecendo muita gente. As pessoas abrem as casas, o coração, contam suas histórias, é uma troca incrível. Numa dessas eu conheci a dona Maria, uma colombiana simpática que me contou os maiores dilemas de ser latino-americana na Espanha. Fora as coisas já habituais, como preconceito, pouca valorização no mercado de trabalho e etc, também tem a questão da cultura. Dona Maria me conta que um dia, depois de muitos anos vivendo por aqui, recebeu sua família da Colômbia. Estava calor, era muita gente e ela não pensou duas vezes: olhou pro varandão e fez uma pequena churrasqueira improvisada pra preparar os tamales e umas carnes. Comida vai, comida vem, de repente toca o interfone. Eram os bombeiros. Algum vizinho desacostumado com a churrasqueira viu a fumaça e nem se deu ao trabalho de chegar na varanda pra ver o que era, foi logo chamando os bombeiros. E lá se foi a festa... Como assim? Triste a pessoa trabalhar a semana toda e não poder fazer nem um churrasquinho na própria varanda no fim de semana. E olha que todos os apartamentos em Madri têm varanda, que desperdício!

Bom, em outra ocasião ela disse que foi a mesma coisa. Segundo a tradição do povo de onde ela é, todo dia 31/12 é preciso purificar a casa (com aquele defumador tipo de igreja). Pois é, estava ela purificando a própria casinha quando toca o telefone. Eram os bombeiros, que desta vez mais espertinhos ligaram pra checar o que era antes de se abalar até lá. Ô povo mala...

Bom, as histórias são muitas e essa nova experiência só vem comprovar minha antiga teoria: a comida é o fator universal que nos une e a melhor forma de conhecer a cultura de um país é, sem dúvida, pela boca!!!



Os tamales em estado bruto e depois de abertos, prontinhos pra comer!

Visitas!!

quinta-feira, 12 de março de 2009

As visitas mal foram ebora e eu já estou sentindo falta delas. Como ainda por cima hoje é aniversário da Rô e eu não vou estar lá, aproveito pra postar umas fotinhos e matar a saudade.

1. Eu e Maria, no aeroporto
2. A gente turistando
3. Eu e Rô, versão européia
4. Robson aproveitando os "bocatas" locais
5. Todos juntos na sobremesa









Um dia negro na história de Madri

quarta-feira, 11 de março de 2009

Hoje completa 5 anos desde o 11m, sigla que os espanhóis usam pra designar o dia dos ataques terroristas em estações de trem de Madri. Foram quase 200 mortos e 2 mil feridos. Não tem uma vez sequer que eu passe pela Estação de Atocha sem pensar em como deve ter sido, sem sentir um certo medo.

É um medo completamente diferente do que eu sentia no Rio, aquela paranóia de caminhar olhando pros lados, segurando a bolsa e andar de carro de vidro fechado. Não dá nem pra ter aquela (falsa) sensação de controle, de que pode evitar os lugares perigosos, ou ficar ligado no que acontece ao seu redor. É uma completa sensação de ignorância, de impotência. De medo.

Mas chega, paro por aqui. Amanhã será um dia como qualquer outro e as pessoas vão voltar a falar de como o tempo melhorou. E nós vamos voltar a escrever sobre trabalho, viagens e comidas. Quem sabe, se tudo der certo, o 11m não seja daqui a alguns anos extamente isso, apenas um dia negro (num passado distante) na história de Madri.

E que venha a primavera!

terça-feira, 10 de março de 2009

O tempo começa a melhorar por aqui e finalmente parece que o calorzinho veio pra ficar. Pra comemorar esse primeiro anúncio de chegada da primavera, fizemos um piquenique no parque. Nossa, já nem me lembrava mais de como era pegar sol...

Ah, e o piquenique foi profissional. Destaque para a torta de milho com atum da Anne, a tortilla do Nilo, a torta de cebola da Clarissa e o salpicão de roquefort do Alê. Isso sem contar as amanditas do final, lembrança da Isabella.

Bom, depois dessa comilança, taí o resultado:




O Alê e o Vaticano

quinta-feira, 5 de março de 2009

Uma vez em Roma, resolvemos ver o papa. Fila gigante na entrada da Basílica, mas batendo fotos nem percebemos o tempo passar. Felizinhos, chegou nossa vez, comentando que rapidinha foi a fila, vamos passar pelo raio-x e...nada. Bem na nossa vez a porcaria da máquina resolveu não funcionar. Vem a segurança, revisa tudo e descobre o problema: as alças da mochila do Alê se enrolaram em algum lugar e travaram a máquina. Aí a mochila não passava e nem as coisas que estavam atrás. Bom, tudo resolvido, roupas checadas, ok pra visitar a Basílica.

Embora lá dentro não seja proibido bater fotos nem falar, como na maioria dos santuários, eles pedem um mínimo de bom senso dos turistas. Mas é claro que você chega ali e dá de cara com todas aquelas imensidões em mármore e ouro e fica pasmo, comenta, grita, chama o fulano pra ver, é uma festa. Mas ninguém reclama, é super tranquilo. Depois de horas visitando, o Alê resolveu parar pra descansar encostadinho numa parede. E levou um esporro. Como? Por que? Ficamos ali sem entender nada, porque o esporro veio em italiano, mas não havia nenhuma razão para aquilo, ele estava ali no cantinho, na dele e..

Bom, aí ele virou de costas enquanto reclamava. E eu entendi...




Tá explicado, né? A Basílica tem um monte de regras para as roupas que as pessoas podem usar lá dentro, mas o detalhe da mochila tinha passado despercebido até pra gente. E como ela era pequena não podia deixar no roupeiro. Mas eles abriram uma exceção pra essa regra assim que notaram o conteúdo da publicidade na mochila...

Comidinha pra Gi

quarta-feira, 4 de março de 2009

No início nosso blog tinha sido criado para contar as nossas aventuras gastronômicas fora do país. Na Argentina até rolava, mas ganhando pouco e gastando em euro a brincadeira se tornou cada vez mais rara. 

Como eu estou desempregado fico sempre procurando alguma coisa para fazer, porque não fazer nada deixa qualquer um maluco. E cozinhar é minha terapia preferida. A Gi sempre fala que eu estou ficando bom nessa "brincadeira de cozinhar". Então, no dia do nosso aniversário de namoro eu resolvi, além de cozinhar, fazer uma coisinha mais bonita. O resultado tá aí embaixo:



Morri e fui pro céu!

Ou, cheguei em Roma!

Roma é o lugar mais interessante que eu já conheci. Lá qualquer caminhadinha de 5 minutos pode virar um passeio histórico. Eu fico meio receosa e nervosa toda vez que vou conhecer uma cidade muito famosa, porque normalmente a expectativa é tão grande que dificilmente pode ser cumprida. Mas aqui não é o caso, porque de fato a cidade é incrível. Os monumentos, o clima, a história, as ruazinhas... isso pra não falar da comida! O impacto foi tão forte que Roma conseguiu inclusive tirar de Paris o posto de "a mais romântica". Porque você está caminhando por ruas assim...
























E de repente dá de cara com isso...



















E isso...



















E termina o dia comendo a sua pasta, diante de um copo de vinho, meio com cara de quem está sonhando acordada. Pra depois fazer um post completamente apaixonado e ainda ficar suspirando quando vê as fotos...

Grávida, eu?!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mais uma das situações absurdas que acontecem comigo. Fui marcar médica.

- Oi, queria um horário com a Dra. Rodrigues.
- Claro, ela acompanha a gravidez?
- Como?
- Digo, você quer que ela acompanhe a gravidez?
- Que? Que gravidez?
- A sua.

Quase morri. Por alguns segundos o mundo se abriu, afinal de contas, a recepcionista em questão tinha o poder, ou seja, tinha os resultados dos meus últimos exames. Juntei todo o meu sangue-frio e fiz a pergunta, baixinho, sem ter coragem nem de olhar pro Alê, que lia calmamente uma revista atrás de mim:

- Eu estou grávida?

Ela me olha mega espantada.

- Não está?
- Não que eu saiba...

Oooops. Agora ela ficou sem-graça. E eu fui ficando puta...Ela começa:

- Ai, desculpa, pensei que estivesse (aqui ela percebe o que disse e tenta corrigir), digo, só porque você veio com o seu marido, né...

Sei...
Odeio país onde as mulheres são esqueléticas e todas as padarias têm madalenas, croissants e todo mundo bebe cerveja domingo de manhã!

Mestre-cuca

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Essa semana foi ao ar minha 1a. matéria na TV Espanhola, com meu assunto favorito - comida - e meu personagem favorito - o Alê -, que trocou sua experiência por trás das câmeras e se aventurou na frente delas.

Pra quem quiser conferir, deixo o link (só fica no ar até domingo!). Está mais ou menos aos 22 min. do programa: http://www.rtve.es/alacarta/player/421374.html

Fim de semana

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Esse fim de semana foi demais. Teve comida demais, bebida demais e foi divertido demais.

Sexta à tarde, no almoço, o Alê resolveu trair o kebab nosso de cada dia com o dürum. Para isso, fomos no especialista local, o turco. Todo mundo feliz, mas quando ele abre o rolinho do sanduíche tem cenoura. Coitado, ficou meia hora tirando as "inimigas"...

De noite fomos no mexicano. Depois do trauma ele resolveu ficar no mais seguro e escolheu umas tortilas de carne e feijões refritos. Veio com cenoura...

Sábado foi Dia dos Namorados, fomos jantar numa pizzaria moderninha aqui perto. Todos os sabores de pizza eram diferentões: metade levava atum, uma boa parte levava anchovas, algumas tinham frutas, como a de maçã com cogumelo e banana com roquefort, e havia várias outras combinações do gênero. Alê escolheu uma e chamou o garçom:
- eu quero a de bacon, tem cenoura?
- como?
- tem cenoura na pizza?
- cenoura na pizza de bacon? Não, senhor.
- tem certeza, nem no molho?
- senhor, acho que não...
- bom, então traz uma dessa. Mas avisa aí que não pode ter cenoura.
- ok senhor, pode deixar, uma pizza de bacon sem cenoura!

Garçom fofo, ganhou até gorjeta em euro por entender o trauma do marido...

Domingo fomos ao Rastro fazer o que todos os madrilenhos fazem neste dia: comer fritura e tomar cerveja. Duas horas da tarde, a gente ainda digerindo o café, e os bares já estão todos lotados de gente pedindo cañas e tapas. Mas foi o primeiro domingo de sol de muitos meses, o dia estava lindo e quase quente e esse costume de sair andando pelas ruas tomando cervejinhas e beliscando não pode ser considerado exatamente desagradável, né? Aí você junta tudo isso com papo furado com os amigos e a "movida" acaba terminando lá pelas 22h, com um pouco de cerveja demais na cabeça. Duro é acordar no dia seguinte sem saber seu nome e ter que ir trabalhar falando espanhol...

Notas:
o dürum também é um sanduíche árabe, no estilo do kebab, mas a diferença é que vem enroladinho num pão estilo sírio, tipo uma panqueca. O único aprovado até agora foi o turco.


Tapas novas pra incluir na coleção: chopitos. São pequenas lulas (já perdi as contas de quantas pequenas lulas eu conheci por aqui), assim como a sépia, mas ainda menores. A diferença é que a sépia eles preparam cortadinha (quase como os anéis), na chapa, e os chopitos são fritos inteiros, que nem camarão.

Feijoada, versão madrilenha!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Bom, num casal que gosta tanto de comida alguém tinha que saber cozinhar, né? Como eu sou completamente incapaz de fazer algo mais que macarrão e torta de limão, o Alê desenvolveu esse talento. Eu podia dizer que o dom vem de família, já que os pais dele cozinham super bem, mas duvido que seja verdade. Se fosse assim eu saberia fazer pelo menos alguma coisa, porque meu pai era ótimo cozinhando e minha mãe tinha tanto talento que mesmo não gostando de cozinhar tudo que ela faz fica bom.

Fato é que ao longo desses anos de namoro o Alê aprimorou o dom e já criou várias comidas tradicionais. A primeira delas foi o arroz à piamontese. Porque a 1a. vez que ele fez esse arroz nós estávamos em Ilha Grande, acampados. Quase todos os ingredientes eram em pó... E se ainda assim ficou ótimo, ali ficou claro que ele tinha futuro! Aí veio o molho branco, que ele resolver fazer num aniversário do Rafa e teve que refazer umas 2 ou 3 vezes ao longo do almoço, de tanto que as pessoas repetiam. Desde então o repertório começou a ficar variado, a incluir peixes, frutos-do-mar e molhos complexos, tudo com uma bela ajudinha do Canal Gourmet da Argentina.

Mas a mais recente tradição é a Feijoada. Depois de se consagrar em duas edições portenhas, com direito a versão vegetariana, ela acaba de cruzar o oceano e virar tradição em Madri. Ficou tão mundialmente famosa que atraiu a atenção da TVE daqui, que invadiu nossa casa com câmeras e luzes pra registrar o segredo desse prato. Bom, talvez a história não seja exatamente assim, talvez tenha alguma coisa a ver o fato de eu trabalhar no programa em questão ou da matéria em questão ser minha...mas isso é detalhe, né? Importante é que ela foi feita, nenhum espanhol da produção resistiu às judías negras (judías, alubia, poroto, frijoles, eles não conseguem escolher um nome pro feijão), a amiga mexicana comeu várias vezes e nós, brasileiros, aproveitamos pra matar a saudade.

Só faltou a rede depois...
















Criador e criatura

























O pessoal da produção, ainda tímido, rondando a mesa


















O produto final























Llaneza no meio dos brasileiros, inconformada porque não existe farofa no México

Refletindo...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Estava lendo o blog da Véu e uma frase me chamou a atenção. Ela é brasileira e mora no Canadá e no post ela dizia que considera "a casa dela" o lugar onde estão os seus sapatos, onde paga imposto e tem coffee shop favorito. Interessante... Porque essa semana mesmo me perguntaram se eu era imigrante e eu não soube o que responder.

Afinal, onde é a minha casa?

Definitivamente não é onde estão os meus sapatos. Nem a minha roupa, nem onde recebo meu salário (Véu, no dia que a gente concordar perde a graça, né?). E eu tenho cafeterias favoritas espalhadas em muitos lugares. O fato é que eu fiquei horas pensando nessa pergunta e só cheguei a uma conclusão: a minha casa é onde está o Alê. É só assim que eu me sinto em casa, quando chego e ele está lá. O único problema é que ele se mexe muito...

Logo, a partir de agora, a quem me perguntar se sou imigrante eu já sei o que responder.
Não. Sou nômade.

Los Goya

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Como a vida não é feita só de viagens, eu atualmente me divido entre 2 programas da TVE. Semana passada precisaram de gente extra e me mandaram pros prêmios Goya, que são o "oscar" do cinema espanhol. Apesar de tentarem me "garfar" do posto, alegando que por não ser espanhola eu certamente não conheceria nada do cinema deles, no final tudo se arranjou. Foram muitos dias de trabalho intenso, quase sem tempo pra almoçar ou ir ao banheiro, e um fim de semana cheio. Mas também foi muito, muito divertido.

Pra fechar a noite, eu fui a protagonista do mico maior. Resolveram fazer uma esquete no backstage, exatamente na porta que eu estava. Como eu não podia sair dali, acabei ficando "imprensada" entre os figurantes e aparecendo de papagaio de pirata durante o evento ao vivo, desesperada, me escondendo no cantinho. E apesar de ter passado quase às 2h, obviamente, todo mundo aqui viu e comentou, né?

Considerações sobre a festa: a comida deixou muito a desejar e acabou cedo. Pedacinhos de jamón, alguns camarões e peixes fritos e a onipresente paella servida em pratinhos que tínhamos que segurar na mão (impossível de conciliar com o copinho de champagne, digo, cava).
Não tinha nenhum lugar pra sentar. Nem pra apoiar, cruel com quem ficou 3 horas de pé no backstage.
Quem era importante tirou uma foto e fugiu pras festas de cada filme. Só ficaram os arroz de festa, como eu, pra comer os bombons de sobremesa.
Não tinha música.
E, apesar de reclamar de tudo, adorei, cheguei morta, exausta e sem poder pisar no dia seguinte.

Abaixo algumas fotos do evento, legendas antes:

1. No teatro
2. Função: guardiã dos Goya. Lembrar de não trocar os envelopinhos...
3. Na "alfombra verde"
4. Nos arrumando pra festinha (que nós também merecemos!)
5. Com o vencedor da noite, Javier Fesser, diretor do filme "Camino"









Água faz mal à saúde (bebida não faz mal a ninguém)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Hoje lendo o blog do Tulio vi a campanha da Uggi's: No a la droga, sí a la pizza. Isso me lembrou um fato curioso daqui... Outro dia fomos ao banheiro beber água (aqui é comum beber água da torneira, embora demore pra acostumar) e em cima da pia tinha um adesivo, com um copinho cortado e a seguinte inscrição: beba com moderacão. (Nunca vi um cartazinho assim em nenhum dos bares que fui até hoje em Madri...)

A explicação que me deram na hora é que isso é por causa da seca em Madri. Mas o melhor é que, como meu celular não tira foto, fui procurar o tal símbolo no Google. Olha o que eu achei (com a legenda original)...



El grifo que nunca sufre la sequía

Holanda

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nós resolvemos viajar de carro. Apesar dos mundialmente famosos trens europeus, nós fizemos as contas e viajar de carro saía bem mais barato que comprar o passe de trem. E é tudo tão pertinho, e fácil, e sinalizado, Europa, né… Não, isso é lenda. Até a França é tudo bem sinalizado mesmo (por módicos 14 euros de pedágio, claro!!!), mas a partir da Bélgica tudo muda. Estradinhas pequenas, pouca sinalização, nenhuma placa de velocidade e informações numa língua estranhíssima. Hora de parar e comprar um mapa em inglês. Pena que só tivemos essa brilhante idéia 60 km depois de nos perdermos…

Depois disso a gente achou que já tava PhD em sinalização em língua estranha, mas essa tese não colou em Amsterdam. Até porque a cidade simplesmente não tem nenhuma sinalização. De todos os lugares que visitamos até hoje, é, sem dúvida nenhuma, o mais difícil de se localizar. Não tem quadras ou linhas retas, não existem retornos e os carros são proibidos na maioria das ruas. Ficamos completamente perdidos na cidade e rodamos mais de 2 horas só no centro (e estamos falando do centro de Amsterdam). Quando finalmente encontramos o albergue, descobrimos que o estacionamento dentro da cidade custa 5 euros A HORA! A opção era deixar o carro no estádio do Ajax (eles fazem um esquema mais tranquilo, 6 euros por dia e te dão o passe de metrô pra ir e voltar). Só foi triste porque era fora da cidade e fazia -4…

Mas Amsterdam é de enlouquecer. Nem vou tentar descerever muito, porque seria impossível repetir o ambiente local, é uma toda uma experiência… Um dia a gente quer repetir, com um clima menos hostil, pra poder aproveitar os canais, as bicicletas e etc. Porque a cidade vale muito a pena. Ah, e tem o museu Van Gogh, que apesar de pequeninho é um dos mais bonitos que eu já fui…



















O pôr-do-sol, em dois momentos, uma das horas mais bonitas do dia em Amsterdam...





















Contraste: cisnes fofos no Red Light District












































































E de novo um encontro inusitado. Tá virando costume isso de encontrar gente conhecida no meio da rua, do nada, do outro lado do mundo. Assim como aconteceu em 2006 com o Marcelo em Paris, dessa vez estávamos ali congelando na rua quando vemos um rosto conhecido. Nessa situação você nunca acredita que é mesmo a pessoa, ainda mais em Amsterdam onde até o ar é alucinógeno... Aí fica aquela situação escrota: bato nas costas e corro o risco de abordar um completo desconhecido ou dou aquele gritinho tímido e pago de maluco se ninguém virar? A parte de boa é que, como ninguém te conhece mesmo, faz pouca diferença qualquer um dos dois micos. Mas optamos pelo gritinho tímido, a Lorena respondeu, todo mundo feliz e dignidade resguardada...



















Alê e Lorena, encontro inusitado em local inusitado: na porta do Museu do Sexo.



















O primeiro coffee shop

No caminho de volta, já sem pressa e no calorzinho do carro, resolvemos parar em Roterdam para conhecer o porto. Eca, vou pular, tem nada pra ver lá não.

p.s. Alê quase censurou o post por achar que eu fui muito boazinha. O fato é que estava frio demais. Demais!! E que isso acabou tirando um pouco o charme da cidade. Foi até difícil bater fotos. Já seria complicado por causa das luvas, mas ainda por cima a mão congelava. Mesmo com a luva... Isso não significa que não seja possível aproveitar Amsterdam no inverno, mas o fato é que nessa época as atrações da cidade são quase todas "internas".

Natal em Paris

Bom, Natal e Paris são uma combinacão fatal, porque é a data em que mais se come e o lugar onde comemos melhor. Mas, deixando um pouco de lado a comida, foi uma delícia voltar a Paris, rever os lugares, a família, reviver o clima da cidade. Essa passagem foi curta, porque daqui seguimos viagem. Algumas fotinhos da nossa 1a. parada em Paris, ainda em 2008, com as legendas em cima porque o blogger não está ajudando na hora de diagramar...

1. O Hotel de Ville, com a decoração de Natal.
2. Os carrosséis, que já são muito comuns em Paris, mas no Natal eles instalam mais e todos são gratuitos. A cidade parece um imenso parque de diversões.
3. Contribuindo pro clima de parque, a roda gigante instalada na Place de la Concorde, pra festas.
4. Boulevard Hausmman com decoração de Natal
5. Comprinhas na galeria Lafayete e Printemps
6. Festa de Natal em duas partes, com os tios
7. E com os primos...