Tamales

sábado, 14 de março de 2009

Bom, parece que finalmente descobriram o meu talento. O pessoal lá da TV reparou no meu incrível prazer em registrar aventuras culinárias e resolveu investir nesse meu lado. Desde a feijoada venho acumulando novos pratos do mundo, o que é uma delícia (e olha que eu nunca comentei com eles que tenho um blog com o nome Panza, ¡callate!).

Essa semana foi a vez do Tamal Valluno, um prato tipicamente colombiano, que eu conheci antes numa versão do norte da Argentina (na feira de Mataderos). Embora a base seja a mesma - farinha de milho curada e muito recheio do que se imaginar envolvido em folhas de bananeira - o colombiano é um pouco mais interessante, porque tem mais variedade de recheios e é beeeeem maior.

Mas de fato uma das melhores coisas de gravar os pratos é que a gente acaba conhecendo muita gente. As pessoas abrem as casas, o coração, contam suas histórias, é uma troca incrível. Numa dessas eu conheci a dona Maria, uma colombiana simpática que me contou os maiores dilemas de ser latino-americana na Espanha. Fora as coisas já habituais, como preconceito, pouca valorização no mercado de trabalho e etc, também tem a questão da cultura. Dona Maria me conta que um dia, depois de muitos anos vivendo por aqui, recebeu sua família da Colômbia. Estava calor, era muita gente e ela não pensou duas vezes: olhou pro varandão e fez uma pequena churrasqueira improvisada pra preparar os tamales e umas carnes. Comida vai, comida vem, de repente toca o interfone. Eram os bombeiros. Algum vizinho desacostumado com a churrasqueira viu a fumaça e nem se deu ao trabalho de chegar na varanda pra ver o que era, foi logo chamando os bombeiros. E lá se foi a festa... Como assim? Triste a pessoa trabalhar a semana toda e não poder fazer nem um churrasquinho na própria varanda no fim de semana. E olha que todos os apartamentos em Madri têm varanda, que desperdício!

Bom, em outra ocasião ela disse que foi a mesma coisa. Segundo a tradição do povo de onde ela é, todo dia 31/12 é preciso purificar a casa (com aquele defumador tipo de igreja). Pois é, estava ela purificando a própria casinha quando toca o telefone. Eram os bombeiros, que desta vez mais espertinhos ligaram pra checar o que era antes de se abalar até lá. Ô povo mala...

Bom, as histórias são muitas e essa nova experiência só vem comprovar minha antiga teoria: a comida é o fator universal que nos une e a melhor forma de conhecer a cultura de um país é, sem dúvida, pela boca!!!



Os tamales em estado bruto e depois de abertos, prontinhos pra comer!

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